lunes, noviembre 08, 2010

IBGE: Uma Experiência Profissional

Recebi com surpresa que havia sido a 21ª na prova classificatória para Agente Recenseador do IBGE, com 96 pontos. Para alguns isto pode ser “Pouca coisa” ou nada, mas para mim, uma mãe com 3 filhos e a 11 anos sem trabalho remunerado, vale salientar, porque é mais que sabido: “para uma mãe de família, trabalho é o que não falta em sua casa”. Bem, voltando ao tema: Fiquei imensamente grata ao sistema de governo de meu país que oferece igual oportunidade para todos os brasileiros a partir de um certame público, este foi o segundo concurso público, o primeiro o do TRE-PE, havia sido anulado, então fiquei super feliz e mesmo com grandes dificuldades, por conta de nunca haver me afastado de meus filhos, fui pegar o meu material de auto-instrução e depois fui fazer o treinamento, na Escola Técnica Federal de Pernambuco, o treinamento foi ótimo e nossos instrutores tinham as respostas às nossas perguntas na ponta da língua, exceto quando o assunto era pagamento o assunto era um tabu, uma discussão sobre o sexo dos anjos... hehehehe... Ninguém queria falar sobre isso, e os que queriam não sabiam, mas tudo bem, inclusive nos deram uma importância tremenda, importância esta que percebemos não ter, já que o pagamento não condizia com a “importância Falada”, mas prossegui feliz da vida, e todos os dias eu perguntava pelo dinheiro, já que estava louca para receber o meu primeiro salário, mesmo sem receber, assumi o meu papel de Agente Recenseadora e a Aventura Começou: pai dos filhos de um lado, filhos do outro e eu mais forte do que nunca defendendo o meu direito de cidadã: Trabalhar!
Assim começou a minha maior aventura no ano 2010: fazer parte de tão importante equipe, a equipe que iria contar o Brasil! A equipe que iria ajudar o IBGE em sua missão primeira:
“Retratar o Brasil com informações necessárias ao conhecimento de sua realidade e ao exercício da cidadania”
De posse do entendimento desta missão e com um milhão de idéias para incentivar às pessoas a responderem ao questionário, caí em campo, deselegante demais, com aquele colete, que somente nossa senhora do Rosário, teria misericórdia de nós e colocaria minha primeira supervisora: Marcella Morais, para ser a “Estilista do IBGE”...
Infelizmente não pude colocar minhas idéias em prática, falta de dinheiro e zero ajuda de custo nos dois primeiros setores, queria comprar uma cadernetinha para cada porteiro de cada prédio que me ajudava a marcar entrevista com os moradores, a fazer um panfleto mostrando a importância de responder ao Questionário... Mas não deu. Dependendo tão somente da falta total de vontade do pai de meus filhos para me ajudar nos custos de minha nova “empreitada social”, já que a “empreitada financeira estava cada vez mais distante, dispensei a senhora que havia chamado para cuidar de meus filhos, porque depois de 1 mês já sabia que não poderia pagar a ninguém, como estava disponível um segundo setor na Brasília teimosa, no bairro do Pina, eu me mudei para Brasília Teimosa, e para não deixar cair a peteca, deixando de lado a entrevista que havia lido, com o diretor do IBGE, que um recenseador, poderia fazer de 600 a 1000 reais, por setor censitário, caí na real e resolvi ver o lado engraçado da situação, com frases do tipo “Meu Deus do céu, tive que cancelar a compra de um pequeno chalé que eu havia comprado nos Alpes Suiços”, “Tive que devolver os brincos da H Stern e a casa de praia”, “cancelei a viagem à Europa com a família”, o dinheiro do IBGE infelizmente não deu para eu fazer minha reeducação alimentar no SPA, minha lipoaspiração e dar uma turbinada neste modelito de janeiro de 1967... E frases semelhantes...
Adorava ir ao Posto de coleta, minha ACM, Karoliny Araújo, era simplesmente maravilhosa, e todos os supervisores, principalmente Diego, uma pessoa extremamente especial e gentil, no mínimo perfeito, eu fazia questão de encontrar um tempinho em minha vida sem tempo, para fazer uns bolinhos de chuva bem quentinhos e levar para aqueles jovens tão maravilhosos, cheguei a me sentir jovem outra vez e me deu uma alegria tremenda de ver pessoas tão comprometidas para que o andamento da coleta fosse o mais eficiente possível, dando importância a cada brasileiro a ser recenseado, muito lindo este trabalho,  eu que já sou meio “Policarpo Quaresma na Era Digital” que confio no sistema, confio no Brasil, e passando um tempo com estas pessoas eu cri ainda mais, porque agora eu estava participando de uma coleta oficial de dados e era testemunha da seriedade desta operação, sei que esta experiência não é convencional, mas quero que algumas pessoas a leiam, pois esta experiência foi muito importante para mim, talvez pela minha idade avançada e pelo meu sobrepeso, principalmente porque exige um certo preparo físico, pelo grande percurso do setor censitário, eu não estava habilitada à assumir, dois setores de uma só vez, realmente pode parecer loucura, o preparo emocional eu tinha de sobra e só encontrei gente boa em meus setores, mas eu, de verdade, queria entrar para a história, principalmente para a história de minha família, de meus filhos em particular, que agora sabem como ninguém, da importância do Censo Demográfico, feito pela Fundação IBGE. Agradeço imensamente a confiança em mim depositada por meus supervisores e pela minha ACM !
Depois de um certo tempo, compreendi que a forma de pagamento usada pelo IBGE, é uma forma de zelar pelo Patrimônio Público, além de garantir que o Recenseador, faça o seu trabalho com o maior esmero para que o dinheiro não demore a sair, porque um setor que não tem unidades fechadas, e que, se porventura tiver, existe justificativas plausíveis, então este setor é supervisionado e o dinheiro é liberado... Foi fácil entender, mas ainda assim, não deu pra comprar sequer um terreno, imagine uma casa? hehehehe

Saudações a todos!

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